Por Gildo Gomes
Nem Halloween(EUA) e nem Saci(Brasil), e, sim, o Cisne(Mundo). No dia 31 de outubro alguns alemães costumam colocam fotos de Lutero com um cisne como pano de fundo numa referência clara a profecia do boêmio John Huss que viveu uns cem anos antes do reformador alemão. É uma homenagem ao Dia da Reforma Protestante. No dia 6 de Julho de 1415, Hus foi queimado vivo junto com seus livros pela Igreja Católica. Uma tradição afirma que em sua cela, pouco antes de morrer, Hus escreveu: “Hoje, vocês irão queimar um ganso (o significado de “Hus” na língua tcheca); porém, daqui a cem anos, vocês irão escutar um cisne cantando. Vocês não irão queimá-lo, mas terão de ouvi-lo”. Em 10 de novembro de 1483, na cidade de Eisleben, o Cisne nasceu. Lutero veio de uma família humilde, seus pais Hans Luther e sua mãe Margarete Ziegler Luther eram camponeses. Em homenagem a São Martinho recebeu o nome de batismo de Martinho Lutero e mesmo contrariando o desejo do pai tornou-se padre. Lutero teve uma próspera carreira acadêmica: foi ordenado sacerdote em 1507 entrando na ordem agostiniana, estudou filosofia na Universidade de Erfurt, doutorou-se em teologia e lecionou como professor em Wittemberg. Também recebeu o grau de mestre em artes. Lutero deixou oficialmente a igreja romana em 1521. Mas no dia 31 de outubro de 1517, 102 anos após a profecia de Huss, a igreja católica ouviu o canto do cisne, aliás toda a Europa escutou. Lutero semelhante a Paulo colocou o mundo de cabeça para baixo. Diante dos abusos do papa Leão X e a venda das indulgências para a construção da Basílica de São Pedro Lutero resolveu fixar na porta da igreja as 95 teses. Nelas ele denunciava as irregularidades e mostrava a fundamentação bíblica do verdadeiro arrependimento.
Mesmo que os próprios luteranos tenham de maneira simbólica e vergonhosa assinado em 31 de outubro de 1999, em Augsburgo, uma Declaração Conjunto sobre a Justificação, neutralizando as antigas diferenças doutrinárias entre católicos e protestantes, ainda assim a distância teológica entre católicos e evangélicos é a mesma entre a terra e o sol. É a distância entre a salvação pela fé com as obras num esforço humano de chegar a Deus pelos sacramentos e a salvação pela fé somente com base no exclusivo, perfeito e definitivo sacrifício de Cristo no Calvário. Não sou seguidor de Lutero, mas creio no que ele disse sobre si mesmo: “Não tenho outro nome senão pecador. Pecador é meu nome, pecador é meu sobrenome”. Mas a boa notícia é que para grandes pecadores de nome e sobrenome como eu e você Deus enviou seu filho para nos justificar pela obra de Cristo de modo que “pela graça sóis salvos e isso não vem de vós, é dom de Deus”. Viva Lutero? Não! Viva a Graça de Deus em Cristo Jesus, nosso Salvador e Senhor, cantada pelo Cisne.
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